quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A CIGARRA E AS FORMIGAS

A cigarra, sem pensar
                   em guardar,
                   a cantar passou o verão.
                   Eis que chega o inverno, e então,
                   sem provisão na despensa,
                   como saída ela pensa
                   em recorrer a uma amiga:
                   sua vizinha, a formiga,
                   pedindo a ela, emprestado,
                   algum grão, qualquer bocado,
                   até o bom tempo voltar.
“Antes de agosto chegar,
 pode estar certa a Senhora:
pago com juros, sem mora.”
Obsequiosa, certamente,
a formiga não seria.
“Que fizeste até outro dia?”
“Eu cantava, sim Senhora,
noite e dia sem tristeza.”
“Tu cantavas? Que beleza!
Muito bem: pois dança, agora...”

(La Fontaine, Jean de. Fábulas de La Fontaine. Tradução de Milton Amado e Eugênio
Amado. Belo Horizonte: Villa Rica Editoras Reunidas Ltda., 1992. v. I, p. 743-744.)

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