Não chovia há muitos e muitos meses, de modo que os animais ficaram inquietos.Uns diziam que ia chover logo, outros diziam que ainda ia demorar. Mas não chegavam a uma conclusão.
– Chove só quando a água cai do telhado do meu galinheiro – esclareceu a galinha.
– Ora, que bobagem! – disse o sapo de dentro da lagoa. – Chove quando a água da lagoa começa a borbulhar suas gotinhas.– Como assim? – disse a lebre. – Está visto que só chove quando as folhas das árvores começam a deixar cair as gotas d’água que têm dentro.
Nesse momento começou a chover.
– Viram? – gritou a galinha. – O telhado do meu galinheiro está pingando. Isso é chuva!
– Ora, não vê que a chuva é a água da lagoa borbulhando? – disse o sapo.
– Mas, como assim? – tornou a lebre. – Parecem cegos! Não veem que a água cai das folhas das árvores?
Moral: Todas as opiniões estão erradas.
(Fernandes, Millôr. Novas fábulas fabulosas. Rio de Janeiro: Editora Desiderata, 2007.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário